top of page
Foto do escritorjm4x4tt

Cabril do Ceira

Atualizado: 19 de mar. de 2021

Este local no concelho de Góis tem várias situações interessantes. É um geosítio, uma praia fluvial e tem um elemento histórico associado, que, já lá vamos, estou então a falar do Cabril do Ceira.


Antes de continuar, e alguns já estão a estranhar e a querer escrever que me enganei e não é Góis mas sim Lousã, bem, de facto aparece como Lousã em Serpins, mas os populares sabem que sempre foi do concelho de Góis. Existe de facto um suposto erro nos limites administrativos, até onde pude apurar, e neste momento de facto insere-se no concelho da Lousã, dando a ressalva que muitas das gentes do concelho de Góis vão dizer que não. Esclarecendo este ponto, vamos ao que realmente interessa.


Vou dividir esta descrição por partes: o geosítio e o elemento histórico.


De facto ali vemos um estrangulamento do Rio Ceira, isto deve-se ao facto de o rio atravessar uma crista quartzítica, que vem dos penedos de Góis e termina na serra do Buçaco, formando um elemento geomorfológico chamado epigenia, criando também condições para a praia que lá podemos ver. Para entenderam melhor deixo no final um texto do Dr. Orlando Ribeiro com a explicação mais académica da sua formação.

Entrando na parte mais histórica, podemos ver uma grande abertura numa das encostas bem ao lado do Rio. Este seria um túnel que pertencia à linha de comboio que ligaria o Ramal da Lousã a Arganil, que teve o seu começo mas nunca foi acabada, sendo este o sítio onde se parou a obra. Pelo que pude ler deveu-se a falta de dinheiro, não nos podemos esquecer que esta linha atravessaria muitas serras, e neste caso, uma crista quartzítica, uma das rochas mais duras que existe. Os custos de fazer este túnel com a tecnologia da época seriam imensos. Ficamos então com um buraco de algumas dezenas de metros.


O acesso é em terra batida, mas nada difícil, sendo um ponto de interesse a quem visita a zona e faz um percurso TT por ali ou está de passagem.

O Cabril do Ceira mais recentemente teve e tem uma grande exposição turística, não sendo mau, mas para quem aprecia um pouco mais de calma sugiro irem no inverno ou na primavera, não dá vontade a banhos mas pela envolvente vale muito a pena ir


"Epigenia do Ceira O Mondego e o Ceira que só no Quaternário s.s. definiram os seus cursos, atravessam por antecedência, em gargantas de perfil extremamente tenso, o Maciço Marginal de Coimbra. O problema consiste em decidir que lugar se há-de fazer à tectónica quaternária e à erosão, comandada pelas oscilações do nível de base, na interpretação deste relevo jovem. A bela garganta do Cabril do Ceira, onde este rio corta a barra quartzítica que prolonga a serra do Buçaco, vendo-se que atravessou toda a espessura dos depósitos que afloram na proximidade, até serrar as bancadas de rocha dura, é certamente uma das epigenias mais demonstrativas do mundo. Infelizmente o rebordo marginal opõe um obstáculo sério a qualquer correlação com o que se passou do lado do mar. Este, no Pliocénico, cobria toda a extensão de terrenos da orla e talhou, no maciço antigo, arribas vigorosas. Um testemunho está milagrosamente conservado na mata de São Pedro, perto de Pampilhosa do Botão, a 260 m (areias marinhas e rebolos do pé da arriba). Uma bela aplanação, admiravelmente conservada no quartzito e prolongada pelos cimos regulares do xisto, se não foi talhada pelo mar sofreu o seu retoque ou estabeleceu-se em função do nível de base de então. Só uma restituição minuciosa deste litoral, ou melhor, dos litorais sucessivamente embutidos, permitiria partilhar o que pode imputar-se ao eustatismo e o que resulta de deformações posteriores.


Extraído de: Excursão à Estremadura e Portugal Central - Orlando Ribeiro. “Finisterra. Revista Portuguesa de Geografia”. Lisboa, vol.3, nº 6 (1968), p.283-287." "




Ponto de Interesse:


KML:

GPX:



77 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


Post: Blog2 Post
bottom of page